Publicado em 2013, o livro Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século de Augusto Cury, aborda um tema central no cenário contemporâneo: a ansiedade, classificada pelo autor como o “mal do século”. Cury, médico psiquiatra e escritor renomado, apresenta uma análise da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), uma condição que, segundo ele, afeta grande parte da população moderna devido à sobrecarga de estímulos e à rapidez com que as informações nos bombardeiam diariamente.

Logo no início da obra, Cury destaca que pensar é essencial, mas o excesso de pensamentos pode se tornar prejudicial à saúde mental. Ele descreve o pensamento acelerado como uma “bomba” para o bem-estar psíquico, impedindo o prazer de viver e limitando a criatividade. O autor introduz a ideia de que a sociedade atual, obcecada pela produtividade e imersa em uma avalanche de informações, criou um ambiente propício para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade, especialmente a SPA.

A SPA é caracterizada pela incapacidade de desacelerar os pensamentos, levando ao esgotamento mental. Esse estado constante de alerta é a principal causa de inúmeros sintomas de ansiedade, como insônia, irritabilidade, dores musculares e fadiga. Para Cury, o grande problema reside no fato de que o sistema educacional moderno não ensina as pessoas a lidar com suas emoções e a desenvolver inteligência emocional. O foco excessivo em informações técnicas e acadêmicas acaba por negligenciar o cuidado com a saúde mental.

A obra explora em detalhes como o vício em pensar afeta o indivíduo. O autor explica que a sociedade contemporânea perdeu o equilíbrio na maneira como lida com o processo de pensamento, gerando uma alteração profunda no prazer de viver, na criatividade e na comunicação interpessoal. Segundo ele, ao longo do tempo, as pessoas perderam a habilidade de viver o presente e passaram a sofrer com a antecipação de problemas futuros que muitas vezes sequer acontecem.

Cury também traz uma reflexão profunda sobre a liberdade mental. Embora muitos acreditem que são livres em seus pensamentos, ele argumenta que essa liberdade só é verdadeira quando o indivíduo consegue controlar o fluxo de ideias e emoções que atravessam sua mente. Um conceito-chave que o autor introduz é o Registro Automático de Memória (RAM), que descreve a forma como nossa mente armazena informações sem filtro, sendo incapaz de separar o que é positivo do que é negativo. Esse armazenamento indiscriminado contribui para a sobrecarga mental e o desenvolvimento da ansiedade.

No decorrer do livro, o autor apresenta estratégias para gerenciar a SPA. Ele introduz o conceito de higiene mental, que consiste em questionar e criticar os pensamentos que surgem, decidindo quais merecem atenção e quais devem ser descartados. Essa técnica, chamada por Cury de DCD (Duvidar, Criticar e Decidir), é uma forma de educar a mente para não se tornar prisioneira de pensamentos excessivos e nocivos.

Cury também fala sobre a importância de reciclar crenças antigas e abrir espaço para novas maneiras de enxergar o mundo. Ele explica que muitas das crenças que carregamos não têm mais valor ou relevância para a nossa vida atual e, por isso, devem ser abandonadas. Além disso, ele reforça a necessidade de não trabalhar de maneira excessiva e de valorizar a qualidade de vida, ao invés de se prender à rotina extenuante.

Outro ponto relevante abordado na obra são as janelas da memória, que Cury divide em três tipos: neutras, light e killer. As janelas neutras armazenam informações cotidianas, sem ligação emocional, como números ou dados técnicos. As janelas killer, por outro lado, são aquelas que guardam memórias dolorosas e angustiantes, que podem paralisar o indivíduo e dificultar seu crescimento emocional. Já as janelas light são aquelas que contêm memórias positivas e que iluminam a mente, promovendo resiliência, empatia e criatividade. Para Cury, é essencial que as pessoas aprendam a abrir mais janelas light e evitar que as janelas killer dominem sua psique.

Ao longo do livro, o autor propõe diversas formas de combater a SPA e recuperar o controle sobre a mente. Entre as sugestões, ele destaca a importância de viver o presente, de não ser escravo dos pensamentos e de desenvolver a capacidade de gerenciar o sofrimento antecipatório. Para Cury, a chave para uma vida mais saudável e equilibrada está em fortalecer o “EU” interior, capacitando-o a ser o autor da própria história, em vez de deixar que os pensamentos automáticos controlem as ações.

Em Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século, Augusto Cury não apenas diagnostica os problemas da mente moderna, mas também oferece soluções práticas para aqueles que buscam uma vida mais plena e com menos ansiedade. Através de técnicas simples, porém eficazes, o autor convida o leitor a desacelerar, a cuidar de sua saúde mental e a cultivar uma vida mais equilibrada e feliz.