No livro Emoções Inteligentes, publicado em 2018, Tiago Brunet defende que a vida prática — decisões, relacionamentos, trabalho e até a maneira como atravessamos crises — é profundamente moldada pelo modo como lidamos com o que sentimos. A ideia central é simples, mas exigente: emoções passam, porém o que fazemos sob o domínio delas pode deixar marcas duradouras. Por isso, o autor coloca a inteligência emocional como um fundamento para uma vida mais estável e coerente, não como um “talento nato”, e sim como uma habilidade que pode ser aprendida e fortalecida com treino contínuo. Ao longo do livro, ele também conecta esse tema a valores espirituais e à sabedoria bíblica, tratando autocontrole, mansidão e equilíbrio como virtudes que se expressam no cotidiano — especialmente quando a pressão aumenta.
Em vez de apresentar a inteligência emocional como algo abstrato, Brunet insiste na diferença entre “entender” e “viver” o conceito. Ele descreve como a emoção costuma ganhar volume quando nossos sentidos são bombardeados por estímulos — o que vemos, ouvimos e consumimos — e como isso pode abafar a razão no momento de decidir. Nessa leitura, aprender a governar emoções passa, primeiro, por reconhecer a própria dinâmica interna: perceber gatilhos, padrões repetidos e reações automáticas. O livro reforça que fugir de problemas raramente resolve algo; ao contrário, a maturidade emocional aparece quando a pessoa se dispõe a encarar conflitos e frustrações com estratégia, sem transformar cada obstáculo em uma sentença sobre o próprio valor.
Outra camada importante é o convite ao autoconhecimento como base para qualquer mudança consistente. Brunet sugere que muita gente corre atrás do “próximo objetivo” sem clareza do que realmente quer — e isso gera cansaço, ansiedade e desistência. Ele discute como nossas histórias, criação, cultura e experiências difíceis podem influenciar o jeito de interpretar o mundo, criando “filtros” que distorcem percepções e alimentam conflitos. Ainda assim, a mensagem é de responsabilidade: a origem influencia, mas não precisa determinar o destino. Nesse ponto, o autor relaciona crescimento emocional com escolhas diárias: ajustar rotas, admitir erros sem se afundar em culpa e trocar justificativas por atitudes práticas que protejam a saúde emocional.
O autor também valoriza competências que se revelam nas interações: relacionamento interpessoal, sensibilidade para perceber emoções alheias e a capacidade de agir de modo apropriado em cada contexto. Aqui aparece com força a empatia — não como gentileza superficial, mas como ferramenta de convivência e resolução de conflitos. Ele argumenta que pessoas emocionalmente despreparadas costumam reagir por impulso, dizer o que não deveriam e depois tentar “consertar” estragos que poderiam ser evitados com autocontrole. Além disso, Brunet critica o egoísmo cotidiano, a necessidade de vencer discussões e a tendência de interpretar tudo como ataque pessoal, defendendo que parte da liberdade emocional vem de abrir mão de certas reações imediatas para preservar objetivos maiores, relações importantes e a própria paz.
Quando aborda dor, medo e frustração, Tiago mantém a proposta prática: não é possível eliminar emoções difíceis, mas é possível mudar a forma de atravessá-las. Ele diferencia sofrimento improdutivo de processos que exigem esforço e disciplina — e insiste que as dificuldades podem funcionar como treinamento para fases mais complexas da vida. Dentro dessa lógica, a pessoa emocionalmente madura aprende a lidar com perdas, com pressões externas e com provocações sem cair em decisões precipitadas. O livro também liga equilíbrio emocional a áreas concretas como finanças e trabalho, alertando para o risco de impulsividade, busca de aceitação e escolhas feitas para “parecer” bem aos olhos dos outros. A prosperidade, na visão do autor, perde sentido se vier acompanhada de descontrole interno e relações destruídas.
Por fim, Emoções Inteligentes amarra essas ideias a uma noção de propósito: uma direção de vida que ajuda a sustentar escolhas consistentes quando o entusiasmo oscila. Brunet discute a importância de alinhar identidade, visão de futuro e missão diária, defendendo que pessoas sem clareza interna tendem a se desgastar mais e a desistir com facilidade. Para transformar leitura em mudança real, o livro inclui momentos de reflexão e propostas de exercícios práticos, convidando o leitor a mapear impactos emocionais, reconhecer padrões e assumir o controle das próprias respostas — sem prometer uma vida sem problemas, mas uma vida em que sentimentos não governem o volante. O resultado é um guia de desenvolvimento pessoal com linguagem direta, tom motivador e forte ênfase em responsabilidade, disciplina emocional e escolhas guiadas por valores.